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NOSSA FORÇA É O NOSSO JEITO


Desde que cheguei em BH, há 18 anos, ouço colegas falando mal do mercado de Comunicação local. Lembram sempre que São Paulo é melhor e maior; que o Rio é mais charmoso; que Brasília é isso e aquilo. Os comunicadores locais reclamam da falta de oportunidades por conta de uma economia “menor” que a de outros centros, sofrem (e amam esse sofrimento) com o senso de inferioridade que sentem com relação às praças mais “dinâmicas”. Lamentam a “cautela” dos empresários locais. Em ano de crise, a choradeira continua. Entendo, mas acho que é hora de enxugar as lágrimas e olhar o trabalho com outros olhos.

Perderíamos menos tempo se admitíssemos, desde logo, que nunca conseguiremos de verdade competir com São Paulo e Rio naquilo que eles têm de mais forte: economias maiores, mais recursos e maior velocidade de ação e resposta. Porque, comparando, é como se, no boxe, um peso pena quisesse medir forças com um peso pesado. Não dá nem para a saída. Por isso, essa é uma discussão fora de lugar.

Uma alternativa para a Comunicação local é descobrir que Minas é o que temos como matéria-prima. E o que nos faz especiais é que ninguém conhece Minas, a economia mineira e os empresários mineiros melhor que as agências e os comunicadores mineiros. Somos parte deste tecido socioeconômico e cultural. O segredo seria mergulhar dentro dele, identificar os pontos de referência, ressaltar os diferenciais longe dos estereótipos. Olhar para os lados com a curiosidade da modernidade. E também observar tudo de cima, com certo distanciamento, para podermos identificar os erros e acertos que temos cometido nos últimos anos de trabalho.

Talvez consigamos, com esta experiência, idealizar e explorar uma nova e vibrante proposta de posicionamento regional que, entre outras coisas, traga à tona, para surpresa até de muitos mineiros, os segredos de uma economia que jorra criatividade em diversas áreas. Existem pistas importantes para seguir. Por exemplo, qual a mola de propulsão por trás do polo das start-ups? Como se explica o universo dos esportes radicais? Por que, de repente, o carnaval de rua se renovou de forma espontânea? E a explosão da cerveja artesanal e tantas outras iniciativas curiosas?

Outro ponto é que se não dá para mudar a mentalidade do empresário mineiro, desconfiado, indeciso, medroso, vamos nos unir a ele. Ao invés de tentar ensiná-lo (o que tentamos fazer de forma até arrogante, às vezes), como a boa comunicação deve ser feita, que tal procurar ouvi-lo e entendê-lo para então oferecer um trabalho que seja mais confortável e mais fácil de ser compreendido e adquirido. E que tal caprichar nas entregas, tornando este ato didático e consolidador de nossas habilidades?

Por muitos anos executivo de comunicação de multinacional, e agora empresário empreendedor em Comunicação, já experimentei os dois lados dessa história e posso dizer que entre eles existem ainda muitas pontes a serem construídas. A iniciativa, claro, está do lado das agências, das consultorias, das assessorias, que hoje precisam vender seus serviços. Do outro, acreditem, estão empresas e empresários desesperados por soluções que sabemos como atender mas que, talvez, não saibamos como vender.


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