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AFINAL, ASSESSOR DE IMPRENSA É JORNALISTA?


Assessor de imprensa é jornalista? Essa é uma dúvida que, vira e mexe, aparece em posts de redes sociais e em outros fóruns de discussão envolvendo profissionais dos “dois lados do balcão”. As respostas variam muito, evidentemente, o que explica o constante debate. Aqui, vamos colocar nossa opinião.


Assessor de imprensa pode ser jornalista de formação, claro (e é bom que seja, ver mais abaixo), mas é meio evidente que não pratica o jornalismo em seu dia a dia se atuar como assessor de imprensa. A razão é simples: na função de assessor, ele sempre estará ligado por questões contratuais a apenas um lado da notícia: o da empresa para a qual trabalha. Vinculado a um lado, com a obrigação de fazer valer a “voz do dono”, ele deixa de realizar uma das principais premissas do jornalismo, que é a procura da imparcialidade, de ouvir e ponderar os dois lados.


Essa, inclusive, é a principal “crise cultural” que acomete o jornalista que deixa as redações (que estão diminuindo) em busca de emprego na assessoria. É um “outro mundo”, que exige uma reciclagem profissional intensa. Na assessoria, ele está ali para um fim: promover a empresa. Pode-se dizer que no jornal (ou rádio, TV etc) ele também promoverá a companhia onde trabalha. Mas a diferença é que na empresa, ele falará basicamente da empresa, do ponto de vista e dos interesses da empresa. Poderá questionar internamente, nunca externamente.


Mas ser jornalista ajuda na atividade de assessor de imprensa. Ajuda muitíssimo, especialmente se já tiver praticado o jornalismo. É uma questão de entendimento de ambiente e de cultura. É como um bombeiro hidráulico que vai à uma loja de material de construção e sabe exatamente o que comprar e usa a linguagem e o conhecimento desse meio para fazer a coisa certa.


O jornalista que vira assessor sabe o que é notícia, conhece a rotina dos jornalistas, conhece suas dificuldades com prazos e circunstâncias de trabalho, como funciona uma redação. Ele também conhece o jeito de pensar do jornalista, o que ajuda na apuração das informações a serem repassadas à imprensa, na preparação das fontes, na antecipação do “próximo passo”.


Outra coisa que o jornalista traz de grande valor ao virar assessor é sua forma de ver o mundo. Um olhar mais crítico, mais atento, mais amplo, que engloba o econômico e o social, o legal e o cultural. Entender o valor dos fatos também oferece ao assessor, em sua função, um olhar ético sobre os fatos de utiliza e divulga em favor de sua empresa.


Assessor de imprensa pode ser jornalista de formação, claro, mas sua prática profissional diária não é a do jornalista. É muito mais a de um relações públicas, no sentido americano do termo “PR”.


Você concorda com essa interpretação?

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