O que é e quanto vale um legado de marca
- Marco Piquini
- há 30 minutos
- 2 min de leitura

Me encontrava em Buenos Aires trabalhando, com diversas pautas debaixo do braço. Encontrei-me com um jornalista da revista Parabrisas, que era a Quatro Rodas de lá. Do nada, ele me perguntou se eu já havia visitado o Fangio. Respondi que não. Imediatamente ele se ofereceu para me levar até o mito.
No dia seguinte, me deu carona da porta do hotel até o escritório da Mercedes-Benz Argentina, que naquela época ficava em um prédio gigante na Avenida del Libertador. Lá dentro, numa sala pequena, mas muito chic, com paredes de madeira e uma grande escrivaninha, fui apresentado à lenda, cinco vezes campeão mundial de Fórmula Um, um dos maiores ídolos argentinos. Baixinho, narigudo, carequinha, uma simpatia. “Señor Marco, como estás?”
Na hora, não sabia o que perguntar. Me deu um tremendo “branco”. O colega argentino me socorreu e conduziu a conversa. Fiquei sabendo, ali, da história de seu pitoresco sequestro em Cuba, em 1958: quando os guerrilheiros souberam quem era, mandaram soltar! E o papo foi rolando até que eu perguntei: como é que era dirigir com aqueles volantes gigantescos dos anos 1950? Primeiro, disse que precisava de “alavanca” para poder girar melhor as rodas. E depois soltou uma pérola: “Dirigíamos sentados em um banquinho, sem cinto de segurança, em carros com as laterais abertas. Precisávamos de alguma coisa em que nos segurar!”
Tudo não demorou mais do que 15 minutos. Ganhei de presente uma foto dele a bordo de um Mercedes-Benz 2,5 litros, com o qual conquistou os campeonatos de 54 e 55, autografada na hora, com uma canetinha de ponta porosa violeta. “A Marco, cordialmente, J.M. Fangio. 20/11/92”. Ele morreu pouco mais de dois anos depois.
Quando esse encontro aconteceu, já haviam se passado 37 anos da última conquista de Fangio pela Mercedes, e a empresa ainda o tratava como rei. Isso é um legado e é assim que se trata um legado. Com respeito. Qual o valor de tudo isso? A foto dele é para mim um tesouro, pendurada em um quadro em casa. E, mais de 30 anos depois, estou aqui escrevendo sobre ele e sobre a Mercedes...







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