Comunicação Estratégica: juntando os dois lados do cérebro
- Marco Piquini
- 16 de out.
- 3 min de leitura

Comunicação empresarial e os dois lados do cérebro
Peter Drucker – olha ele aí – dizia que 70% dos projetos de mudança falham — e um dos principais motivos é a falta de comunicação.
Não a falta de informação, mas de conversa verdadeira: aquela que gera entendimento, alinha expectativas e constrói propósito comum. Essa ausência de diálogo revela um conflito antigo dentro das organizações: a disputa entre os dois lados do cérebro — o racional e o emocional, o lógico e o sensível.
Durante décadas, o mundo corporativo privilegiou um deles. Agora, a transformação digital exige que os dois trabalhem juntos.
O domínio da lógica: o império das exatas
O avanço científico e tecnológico dos últimos dois séculos consolidou uma forma de pensar baseada em objetividade e controle.
O raciocínio analítico das disciplinas exatas conquistou o comando das organizações — e com ele vieram planilhas, indicadores, processos, metas.
Essa estrutura racional foi essencial para gerar produtividade e eficiência. Mas junto com ela veio um crescente efeito colateral: a desvalorização das dimensões humanas — empatia, criatividade, diálogo e propósito.
Enquanto o lado esquerdo do cérebro prosperava com números e lógica, o lado direito — responsável por emoções, intuição e linguagem — ficou restrito a poucos espaços dentro das empresas, como recursos humanos e comunicação.
O resultado foi um desequilíbrio entre fazer bem e fazer sentido.
O despertar da sensibilidade: o retorno das humanas
O século XXI trouxe uma ruptura inesperada. A velocidade das conexões digitais e as redes sociais deram voz e presença inéditas para os consumidores, expondo as empresas ao escrutínio público de forma nunca vista.
As novas gerações cresceram conectadas. Adotam a tecnologia de peito aberto, é verdade. Mas é muito evidente que elas valorizam ambientes onde dados convivem com empatia, e que resultados caminhem junto com significado.
A influência da Inteligência Artificial
A Inteligência Artificial e os algoritmos chegam para acentuar ainda mais a necessidade de integração razão-emoção.
Porque, quanto mais a tecnologia avançar, quanto mais nos rendermos às máquinas, mais precisaremos levar em conta, conscientemente ou não, o fator humano. Ou seja, precisaremos trabalhar com os dois lados do cérebro.
Nesse contexto, surge a oportunidade para que a área de Comunicação desempenhe o papel de ser a ponte entre o mundo corporativo, bastante racional, e o universo humano, movido por sentimentos.
Comunicação Estratégica: o encontro dos dois hemisférios
A Comunicação Estratégica pode atuar como um mediador entre o raciocínio analítico e o pensamento criativo.
Comunicadores devem saber usar métodos, dados e planilhas (usando o lado esquerdo do cérebro), mas não podem deixar de trazer à mesa, ao debate, o ser humano, a história, a sociologia, a psicologia, entre outras áreas do conhecimento que rodam no lado direito.
Em outras palavras, a Comunicação deve atuar como se fosse a “tomada” que conecta os dois lados dos “cérebros” da empresa.
Pois quando ocupa esse espaço integrador, a Comunicação consegue:
Traduzir a estratégia em mensagens claras e mobilizadoras;
Fortalecer o diálogo entre liderança e equipes;
Criar cultura e pertencimento;
Sustentar a unidade entre a inovação e o propósito.
Conclusão: o futuro exige a integração, não o confronto
O mundo corporativo já sabe hoje da importância dos “soft skills”, que reúne capacidades de liderança, empatia, colaboração, gestão de conflitos, entre outras. Elas já estão sendo chamadas de “as novas hard skills”, tão essenciais quanto métricas e processos.
Se durante muito tempo a racionalidade levou vantagem sobre a emoção no mundo dos negócios, hoje já percebemos que uma não sobrevive sem a outra.
Porque estratégia sem empatia vira controle, e emoção sem método vira caos.
A Comunicação Estratégica é o ponto de convergência entre as duas. É ela que faz a razão ganhar sentido e a emoção gerar resultado.
É nesse equilíbrio que está o futuro das empresas.








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